terça-feira, 21 de novembro de 2023

Resenha critica do medíocre filme Irmã Morte

 

Oi gente, quanto tempo sem resenhas críticas?! Já devem imaginar: se tem resenha ou odiei, ou amei. Vamos lá?

Eu amo filmes de terror, mas esse "Irmã morte" (Hermana Muerte) é muito medíocre, promete muito e não entrega nada. Este filme é para ser uma continuação de "Verônica" (2017), para explicar o que levou a tragédia da adolescente. Porém, no meu ponto de vista, falha como continuação, porque você não consegue amarrar as duas histórias e entre "Verônica" e "Irmã Morte" são seis anos de diferença, além da personagem não ser tão marcante.



Sinopse

Na Espanha do pós-guerra, Narcisa, uma noviça com poderes sobrenaturais, chega a um antigo convento convertido em escola para meninas para se tornar professora. Com o passar dos dias, os estranhos acontecimentos e as situações cada vez mais perturbadoras que a atormentam acabarão por levá-la a desvendar o terrível novelo de segredos que envolve o convento e que espreitam os seus habitantes.

TítuloHermana Muerte (Original)
Ano produção2023
Dirigido por
Estreia
27 de Outubro de 2023 ( Brasil )
Duração90 minutos
ClassificaçãoNão recomendado para menores de 16 anos
Gênero
Países de OrigemEspanha

O que achei? (Segura que lá vem spoiler)


O filme, como disse , me parece pretensioso e entrega mediocridade. Lógico, que sabendo que ele foi dirigido pelo mesmo diretor de “Verônica” e a “Avó”, não esperamos nenhum clássico. De início a gente vê uma garotinha que é cercada por vários fanáticos religiosos. Essa é a irmã Narcisa. Já crescida a jovem vai para um convento de meninas, parece que nesta época tem muitos conflitos na região. É muito bem recebida pela Madre e a outra Freira mais velha, a Josefa.  O lugar esconde um segredo (Jura?) que gira em torno das meninas que moram e estudam lá. Pelo menos é o que o enredo faz a gente pensar. 


Do nada, tem cenas que você não compreende muito bem o intuito, por exemplo, a a protagonista, irmã Narcisa, fica se autoflagelando sem nenhum motivo aparente. É cadeira que cai toda hora, é gemido pelos corredores, é quadro de giz que escreve sozinho, é brincadeira de forca na parede (que depois fica entendível do que se trata)...  mas tudo muito solto.



Pontos que devemos discutir


Não é para justificar, mas sempre quando assisto um filme ou leio um livro eu analiso o contexto. A educação antigamente era rígida, imagina num local onde tem enorme pobreza e as famílias, por algum motivo, são obrigados a deixar suas filhas no convento, pois, talvez, seja o local mais seguro e onde elas terão uma educação exemplar nos preceitos da igreja, ou seja, entendemos que neste espaço aprenderão a obedecer, a serem educadas, e ter o que comer e onde dormir. As meninas lavam roupas e eu não vejo problema, elas precisam ajudar. Lógico, criança não deve trabalhar, mas em determinadas circunstâncias, e tendo tão poucos adultos no local, as coisas mudam e é preciso contribuir com os afazeres, ajudar em casa é uma forma de disciplina e de construir caráter cooperativo. As meninas aparentam ter idade em torno de 9 e 14 anos. 


Nesta época as escolas tinham MUITAS regras e o professor exercia forte autoridade. Imagina numa escola católica?  E se vocês já conversaram com seus pais ou avós sabem que nos anos 60 e 70 tinha palmatória, era comum  ajoelhar no milho e etc. o castigo era uma forma de disciplinar. Tudo isso mudou muito com o tempo, no Brasil criou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), agora crianças e adolescentes devem ter seus direitos respeitados e ter direito a infância, e mesmo com lei é difícil protegê-las, contudo, no passado, era daquele jeito, criança era mini adulto.


Enfim…


O filme é dividido em dois capítulos, ambos péssimos. E o diretor do filme, Paco Plaza, não leva muito em consideração o período que passa o filme, ele usa o passado como justificativa, sem muito aprofundamento, por exemplo, a cara da irmã Narcisa quando vê as meninas lavando roupa, parece que nunca tinha visto, o que com certeza não é verdade, era super comum meninas com afazeres domésticos, me pergunto porque ela não foi ajudar se achou ruim, ficou lá parada, só olhando. O tipo de pessoa que julga, mas não levanta um dedo para ajudar.


Dessa parte comecei a pegar birra do filme, o diretor devia ter se esforçado mais com a segunda parte do longa, porque olha se o primeiro capítulo é ruim, o segundo é pior. 


No convento  as meninas são obrigadas a jejuar e ficar no porão quando fazem algo errado. Tem uma cena em que a Rosa, uma das garotinhas,  e outra menorzinha, vão ao banheiro à noite, e lá presenciam uma manifestação sobrenatural que resulta no castigo que descrevi no início deste parágrafo. E as decisões inconsequentes da chata da Irmã Narcisa recaem em Rosa que acaba falecendo por causa dos tais fantasmas que circundam o convento. A irmã Narcisa é muito esquisita. E ao meu ver não fez nada para proteger as meninas. E o fanatismo que lhe foi imposto na fase de criança molda sua personalidade desconfiada e esquisita, desse modo, Irmã Narcisa se sente muito atraída pelo sobrenatural. Me pergunto se o nome Narcisa não é de propósito, menção a história de Narciso, alguém que só pensa em si mesma.


Como já mencionei, a história é dividida em dois capítulos: no primeiro conhecemos a fraquíssima protagonista irmã Narcisa; no segundo, conhecemos a fantasma Socorro (Almudena Amor). E nessa segunda parte o filme desanda, e eu fiquei indignada. Irmã Narcisa interfere tanto nas coisas que a Freira Josefa (Maru Valdivielso)  manda ela embora. E ela vai mesmo!!!! Só que ocorre um eclipse e ela resolve ajoelhar e olhar para diretamente para o sol e queima os olhos. E fica cega (Não queira entender!). Por este motivo ele é levada de volta para o convento e as irmãs cuidam de suas feridas. Ela começa a “enxergar” o que antes ela só sentia, os poderes sobrenaturais de Narcisa ficam mais aguçados, e ela consegue ver a fantasma e o passado.


Reflexão 



Creio que essa visão limitada das mulheres naquele convento é o que torna o filme ruim, o culpado é o diretor Paco Plaza. A ótica de um diretor homem ignora que essas mulheres reprimidas sexualmente são vítimas de guerras e abusos e que cuidam de centenas de meninas com poucos recursos. Elas vivem de fazer sacrifícios e essas freiras são brutalmente assassinadas por uma fantasma vingativa que, naquele momento, era um espírito ruim. A fantasma MATOU uma das garotinhas e a  tonta da irmã Narcisa vai ajudar a fantasma a matar as freiras desconsiderando totalmente que foi um acidente. Desconsiderando toda a violência que elas sofreram e que deixaram marcas além da gravidez da irmã Socorro.  A morte da filha da Socorro (resultado do estrupo que ela sofreu em uma invasão ao Convento) foi um acidente. 


O etarismo também é nítido no filme, uma disputa e divisão entre as freiras jovens x as freiras mais velhas, o filme carrega essa proposta terrível de rivalidade feminina atrelada a idade. Tem uma cena que uma das meninas até elogia o cabelo da irmã Narcisa, mas logo a lembra que ela terá que cortar quando virar Freira, praticamente dizendo que cabelo curto em mulher é feio.


O acidente foi uma fatalidade cometida por mulheres que não sabiam como resolver aquele problema, aquela vergonha: A gravidez de uma freira que foi estuprada. A ignorância, o machismo, a religião tudo isso atravessava a vida daquela mulheres. O filme começa lento e na parte dois acelera; 1h30 desperdiçadas. Acredito que os verdadeiros vilões são a pobreza, violência e o dogmas religiosos que se sobrepõem a vida humana. Um filme péssimo. Aquele fantasma era ruim, matou a Rosa, uma garotinha indefesa. No final do filme fica no ar que tipo de pessoa é irmã Narcisa.



Nota 4,0 



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