A Chave Mestra (The skeeleton key)
Lançamento: 2005Gênero:Terror / Suspense
Duração:104 minutos
Direção:Iain Softley
Universal Pictures
Este filme me deixou com uma mistura de sentimentos. Quem assistiu "Corra" (Get out) vai sentir que "A chave mestra" tem uma tentativa que não deu certo de abordar religiões de matriz africana e racismo, onde os protagonistas da história são pessoas brancas.
Vamos lá, Caroline (Kate Hudson), uma jovem de 25 anos, ingênua e que sente culpada por não ter cuidado do seu pai quando precisou (este detalhe é importante), vai trabalhar como enfermeira e cuidadora de um senhor chamado Ben (Joh Hurt), casado com uma senhora misteriosa,a Violet (Gena Rowlands), que acredita em magia. Caroline conhece o advogado gatinho e de fala mansa da família, Luke (Peter Sarsgaard), e logo gosta dele, porém não tem cenas de romance.
O senhor Ben não fala, não anda e pede ajuda para ela "através do olhar", como ela mesma afirma. Na casa, já passaram diversas moças enfermeiras que não quiseram ficar, e que mais tarde descobrimos, por meio de um diálogo, que eram negras.
O centro do filme é a casa e os acontecimentos do passado, que envolve dois empregados escravizados, Justify e Cecille, que foram cruelmente enforcados em uma árvore (coisa que acontecia muito nos Estados Unidos até pouco tempo; escute "Strange fruit" de Billie Holiday para entender).
A história é ambientada em Nova Orleans e a escolha por está cidade não foi por acaso. Para contextualizar, ela fica localizada em Louisiana e é uma das cidades mais populosas e marcada por diversos conflitos raciais e segregação registrado, inclusive, na música "Formation" da Beyoncé. O furacão Katrina é um desses episódios que escancarou o racismo de Nova Orleans que está cada vez desigual, branca e cara, enquanto bairros afro-americanos são marginalizados. Nova Orleans é famosa pelas festas e é considerada o berço do blues e Jazz, estilos musicais que originaram o rock.
Sabendo disso, voltamos ao filme que a única personagem negra de importância é a amiga da Caroline, Jill (a linda da Joy Bryant) a quem ela recorre para desabafar. Os demais personagens negros são coadjuvantes. Este é o problema, como um filme que se arrisca para falar de racismo me põe todos os protagonistas brancos?
Eu até entendo a intenção de criticar, só que o olhar utilizado no filme é todo branco, o filme é retratado pela chamada branquitude que emudece pessoas negras; os causadores de toda a tragédia são personagens negros e NÃO TEM FALA. Eles não tiveram oportunidade de explicar o que houve com eles. O telespectador simplesmente não tem o prazer de saber seus sentimentos, motivações... NADA.
Se você não assistiu não leia essa parte azul, é spoiler:
Os personagens principais são a casca dos dois empregados que entendiam da tal magia Hudu. A alma deles está ali dentro. Mas, seria interessante ouvi-los nos corpos originais, usasse o recurso de flashes do passado. Porque não vejo como uma senhora branca e um jovem branco podem representar os reais sentimentos de duas pessoas negras adultas que sofreram todo tipo de violência por serem negras. Os atores, Gena e Peter, Violet e Luke respectivamente, não deram conta de passar esse sofrimento.Me entendem? Para quem quiser saber, no corpo do velho está a alma do advogado Luke. Por isso, ele pede socorro.
Se você não assistiu não leia essa parte azul, é spoiler:
Os personagens principais são a casca dos dois empregados que entendiam da tal magia Hudu. A alma deles está ali dentro. Mas, seria interessante ouvi-los nos corpos originais, usasse o recurso de flashes do passado. Porque não vejo como uma senhora branca e um jovem branco podem representar os reais sentimentos de duas pessoas negras adultas que sofreram todo tipo de violência por serem negras. Os atores, Gena e Peter, Violet e Luke respectivamente, não deram conta de passar esse sofrimento.Me entendem? Para quem quiser saber, no corpo do velho está a alma do advogado Luke. Por isso, ele pede socorro.
Eu não gosto como a câmera filma os atores negros figurantes. É sempre com música de tensão, movimentos lentos e olhares esquisitos, como se eles fossem fazer algo de errado ou criminoso contra a mocinha do filme. E, também, me incomodou que criaram a personagem Caroline baseado no delírio coletivo de que mulheres brancas são donzelas indefesas em perigo que precisam ser constantemente salvas.
O filme é todo produzido, escrito e dirigido por pessoas brancas, isso não deveria explicar a desdém ou a "falta de percepção" da necessidade, da tão discutida, representativa que não é colocar dois ou três personagens negros mudos e com falas medianas. É estranho ter que escrever isso, mas neste casos, deveriam ter que chamar pessoas negras para produzir o filme. A história é bem legal e fácil de entender. Porém, mal produzida.
Existe uma cena no final em frente ao espelho (como mencionei lá em acima), que a senhora Violet, diz para o advogado Luke, que gostaria que fosse negra a moça a ser possuída, mas o advogado diz "que elas nunca ficam", tipo são muito espertas para ficarem na casa e pagar para ver.
No geral, não entendi a mensagem do filme: Crítica racial ou apropriação e lucro dessas pautas? Nunca saberei.
Apesar de todos os defeitos, dou nota 6 de 1 a 10. O foco do filme, com certeza, devia ter sido na história dos empregados escravizados e nas duas crianças, filhos dos donos da casa.
Deixe sua opinião e diga o que você achou do filme e desta critica. Vou gostar de ler.
Concordo demais. Corra conseguiu passar essa mensagem...
ResponderExcluirExcelente a sua crítica do filme! Filmes de terror geralmente não são a minha praia, mas esse de fato me surpreendeu, principalmente pela surpresa do final. Assisti pela primeira vez em 2005, logo quando foi lançado. A parte mais interessante do filme todo para mim é justamente o flashback da noite em que Cecile e Justify fazem o ritual com as crianças, mas tudo é mostrado de uma forma muito rápida e realmente em nenhum momento ouvimos a voz dos dois. Tudo é narrado pela Violet, que, apesar de "ser" a Cecile em outro corpo, naquele momento da narrativa está fingindo que aquela história não se passou com ela, está contando na terceira pessoa. Acho que o filme realmente ficaria muito mais completo se a gente entendesse como foi a vida dos dois, o que eles passaram naquela casa e qual foi a intenção por trás da troca de corpos. Isso fica a cargo da imaginação do espectador, mas teria sido interessante e importante esse relato deles, que no fim das contas deveriam ser os protagonistas dessa história. Também não sei o que pensar desse final. Era para ser talvez uma crítica ao racismo e às atrocidades da época, mas no final aqueles que sofreram originalmente desses abusos são pintados como os maus do filme.
ResponderExcluirDiscordo, achei a critica feita ao filme péssima. Sendo que não classificaria o filme, como terror. Mas como suspense.
ExcluirA história do filme em si é baseada em fatos reais?
ResponderExcluirCreio que não.
Excluirpoderíamos dizer que corra!, get out!, é uma versão que deu certo desse mesmo tipo de logica, claro que o enredoé diferente e muito melhor estruturado mas a coisas do corpo e da alma que parece o negócio. E isso qeu você falou resume os dois: uma pessao branca nunca vai saber o qu eé ser negra e vice-versa. POr isso é tão improtante protagonistas negros. Eles desenvolvem a empatia e a percepção do ponto de vista deles. Aqui no brasil a gente entende bem essas coisas mas nos eua a coisa é ainda mais complexa pois aqui a maioria é negra, lá não.
ResponderExcluireu assisti o filme anos atrás e reassisti, dessa vez vi com outra perspectiva já que entendi toda a questão dos "criados" e etc. sobre a crítica, sim, poderiam ter explorado mais a história de justify e cecile...
ResponderExcluirO filme não faz nenhuma crítica e você militou a toa. O motivo pelo qual o casal de Huduístas trocavam de corpos era simples: vida eterna. Não precisa ser muito inteligente p sacar isso né? não é porque são pessoas negras que significa não praticarem maldades, você falou sobre o estereótipo da branca indefesa salva e esqueceu de mencionar o manequeísmo que as vezes ilustram os negros como as vítimas e os brancos como pessoas cruéis e sem escrúpulos. Sai dessa bolha menina.
ResponderExcluirCara, essas pessoas não perdem a oportunidade para militar. Incrível como são Chatos.
Excluirbrancos são cruéis e sem escrúpulos e o filme nem mostrou isso... fica nas entrelinhas que os pais das crianças foram castigados com desgraça por terem matado os próprios filhos pensando que eram Cecile e Justify e por serem RACISTAS... gosto do filme mas realmente foi mal produzido, Jordan Peele faria melhor
ExcluirExatamente. Em momento nenhum a personagem da Kate Hudson é a menina indefesa; pelo contrário, ela que tenta resolver as coisas, sai investigando a respeito do que se passou etc. Se o filme contasse a história de Cecille e Justify, seria outra coisa e não esse filme - seria outro enredo. Outra coisa: as pessoas negras não são registradas "como se fossem fazer algo contra a mocinha [branca] do filme", pelo contrário, as negras já entendem da história e mantêm o olhar de alerta para os eventos. O fato de que Ben e Violet Devereaux serem brancos e "contarem a partir da perspectiva branca" já soma ao fato de que os negros "escaparam" da realidade de opressão sem ninguém o suspeitar. Ora, os filhos brancos são enforcados na árvore. Se essa inversão de perspectiva não acontecesse, não haveria sentido para o filme ser o que é. Acho que essa crítica é daquelas que quer ser politizada demais e perde a essência da coisa.
ExcluirCom certeza cara, e apesar de tudo esse filme consegue passar um terror ainda melhor do que "Corra" que fica com aquelas tiradinhas de humor. Eu gostei de Corra, mas não me passa uma sensação tão forte de terror quanto esse filme, que prefere manter o mistério e uma aura sombria.
ExcluirVai dar meia hora de cu e cala a boca, tá fazendo o que aqui seu porco?!
ExcluirCerteza que você é uma pessoa branca
ExcluirComo se faz para sair dessa bolha?🤭🤭🤭
ResponderExcluirUm adendo moça bonita. Negros também matam, estupram, fazem cagada, putaria, mentem, peidam e fazem cocô. Ou a senhora não sabe disso? Agora a raça negra se converteu em anjos celestes imaculados e brancos em demônios perversos?Vim aqui pra ouvir a leitura crítica da obra, não ativismo político. Isto, guarde pra você porque essa conversa de politicamente correto já cansou. Todos temos defeitos, sejam brancos ou negros.
ResponderExcluirA propósito a título de curiosidade, por mais surpreendente que possa parecer ao leitor o rito mostrado no enredo de fato existe. Se chama ritual de troca de cabeças, é antiguissimo e obviamente restrito aos membros do "tal Hudu", uma variante do Vudu haitiano que flertou com magia ancestral europeia e gerou um tipo de religião mesclada a práticas de feitiçaria notadamente pesadas.
ResponderExcluirQue arrependimento de ter caído nesse post, nossa senhora! Vc nitidamente não entendeu a proposta do e muito menos seguiu a lógica que o mesmo passou. É importante ressaltar que estamos falando de um filme de 2005, não adianta usar a sociedade atual como exemplo, muito menos o filme Corra (?). Outro ponto é a sua militância, onde ser negro te torna imune de tudo, até dos piores crimes.
ResponderExcluirGostei da crítica eu não imaginei o filme nessa perspectiva, vou assistir novamente mas acho que a crítica do autor é válido.
ResponderExcluirDescansa, militante. Tome um chá.
ResponderExcluirO filme não quis retratar crítica social/racial/whatever. O foco é sobre magia para troca de corpos e assim, alcançar a vida eterna.
O mundo não gira em torno dos negros coitadinhos e vitimistas.
Procure ser feliz.
Oxi, como você está em blog que pretende ser educacional (rsrs) eu te recomendaria alguns livros entre eles, "Peles negras e máscaras brancas" de Frantz Fanon e "Injustiças de Clio! de Clóvis Moura. São surreiais de esclarecedores.
ExcluirConfesso que assisti o filme de muita atenção no começo, até dando uns cochilos, depois tornou se mais interessante, por esse motivo posso ter perdido alguma coisa, mas me surgem algumas dúvidas, será que alguém pode explicar? Se o casal de negros foi assassinado violentamente, enforcados, não vejo como poderiam ter feito o ritual para mudar de corpos, acredito que suas almas tenha tb morrido e não teriam como "voltar", por outro lado onde se encaixa o ensinamento as crianças? Em um determinado momento se diz que as crianças ficaram na casa até 1962,.
ResponderExcluirEles teriam assumido os corpos das crianças? Ou seriam as crianças que após terem aprendido vem praticando a mudança ao longo dos anos? É só uma outra perspectiva, mas acho que vou ver de novo com mais atenção.
Olá, acabei de rever o filme e acho que sua crítica tem muito sentido e vários pontos. Entretanto, acho que a intenção real do filme não é nem de longe criticar o racismo, e você baseou toda sua visão sobre o filme sob essa perspectiva. Imagino que a intenção do filme seja demonizar mesmo as religiões africanas e seus misticismos culturais. Assim, toda a luta da protagonista faz sentido, já que ela estava contra o mal que no fim infelizmente(?) vence, mas o filme deixa claro que o mal no caso são os escravos que estão se vingando tomando os corpos de outros pra continuar vivendo na casa. É um filme que parece ter uma mensagem sobre racismo mesmo, mas é invertida, mostrando como a cultura americana é fortemente apoiadora do racismo e retrata isso na sua cultura de forma bem engenhosa. Talvez não tenha ficado claro isso para os atores, mas certamente a intenção do diretor e produtores não era questionar a supremacia branca, e sim apoiá-la. É ótimo que existam filmes que estão mudando isso, como o citado Corra, esse sim com coração e a mensagem no lugar certos.
ResponderExcluirEu acabei de ver o filme e gostei da história, mas com certeza fiquei com aquele sentimento de "poderia ter sido muito melhor". Gostei bastante dessa crítica e do seu ponto de vista, apesar de não saber se concordo totalmente - eu provavelmente terei que rever o filme rsrsrs. Por outro lado, o filme ganha pontos por contar a história dos empregados sob o ponto de vista da senhora, se é que me entende. Ali deu pra perceber que ela contou sob o ponto de vista da Cecille, o que já é útil na questão de dar voz a essa personagem.
ResponderExcluirQuanto mimimi, só porque o filme colocou uma protagonista branca ao invés de negra você precisa escrever esse textão? O filme aborda essa temática, mas a protagonista não tem nada a ver com isso, ela nunca se quer tinha tido algum contato com a cultura ou religião deles, portanto não faz sentido essa sua "crítica" se você quer um filme desse jeitinho que você falou, tenho um conselho pra você, pare de militar na internet por causa de filme, arrume um emprego e produza VOCÊ um filme desse jeito que você falou, pronto, problema resolvido.
ResponderExcluirEu reassisti o filme anos depois e você procurou problemas onde não existem... não há questão do racismo, vocês tentou militar sem motivo e só porque sim.
ResponderExcluirNão foi preciso todas essas falas delss no passado, está muito subentendido. Quando mostra os negros tem tensão? Eles são os vilões do filme! 😂
Eles procuram a vida eterna e estão a conseguir, começando pelas crianças e acabando agora no advogado e na Kate Hudson. Crítica sem motivo algum, gostei do filme e NADA está relacionado com o racismo...
Gostei muito da sua resenha. Finalmente entendi de quem era o corpo de quem. Agora sobre o racismo, tenho que concordar. Muitos sites usam o termo perjorativo macumba para se referir as magias ruins do filme. Dá a entender que tudo de ruim em termo religioso tem haver com os negros. E antes, o que aconteceu com eles?
ResponderExcluirGente, esse é um filme r*acista, vcs nao perceberam?? A unica mensagem que eles quiseram passar é a que negros trabalham com feitiçaria e ocultismo. Todos que aparecem no filme são pobres e vivem em condições ruins! O filme é r@cista! Na sua pura essência.
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