Manic Pixie Dream Girl (MPDG) é um termo criado por Nathan Rabin, em meados de 2007, para descrever uma personagem, até então pouco corriqueira, que virava mania entre jovens. Uma moça subordinada a um homem, que aparenta ser independente e livre. Mas, nos últimos anos, os filmes começaram a explorar muito a MPDG, e muita gente passou a discordar desse estereótipo que assola o cinema internacional.
É como Narciso* e seu reflexo na água, as Manic Pixie Dream Girl é a visão idealizada de um homem do que seria a mulher perfeita, ou seja, ele se apaixona por ele mesmo.
A definição é simples: uma mulher passiva-ativa, moldada por um víeis machista, porém as características tem que se encaixar nos "anseios" da mulher contemporânea. Vamos lá!
A MPDG é bela sem ser vulgar; louca; prestativa, quase vive inteiramente para agradar a um outro personagem masculino; seu problema envolve seu homem que na maioria das vezes é 10, 20, 40 anos mais velho que ela; que por sua vez, sempre tem menos de 30 anos, se vestem de forma peculiar (aliás, muito infantil), bem diferentona; perfeita para casar; perfeita para ser amante (amante ingênua que não sabe que esta fazendo mal a outra mulher, óbvio) e ela tem um gosto bem especifico para músicas; dança esquisito; inteligente, mas não muito; distraída; liberada sexualmente; serve de inspiração e consolo para algum homem que está passando por uma fase ruim, crise da meia idade ou ócio criativo e etc etc etc. Ela preenche o vazio desse homem e é preenchida por ele.
O mito da MPDG está em todas as características atribuídas a ela. São falsamente liberadas sexualmente, são elas que iniciam sexualmente esses homens, que tem até o triplo da idade delas, elas sabem o que ELES querem.
A liberação feminina é uma farsa, porque o machismo aceita e concorda com a objetificação feminina, que está diretamente ligada a subordinação de uma mulher ao homem, os desejos dele são o centro. "O objeto é sempre subordinado ao sujeito".
A liberação feminina é uma farsa, porque o machismo aceita e concorda com a objetificação feminina, que está diretamente ligada a subordinação de uma mulher ao homem, os desejos dele são o centro. "O objeto é sempre subordinado ao sujeito".
E o melhor de tudo? Elas sabem a hora de ir embora, de sair da vida desses homens, sem precisar de explicações, conversas e D.R. (Discutir Relacionamento).
A visão machista maquiada de romance. A mesma visão machista do século passado, só que com uma roupagem atual-descolada para agradar o público que se intitula cool.
O mito piora quando todas as personagens estão ligadas ao mito da beleza, mulheres que estão dentro do estereótipo do que é bonito: brancas, alta, magras, usam pouca maquiagem para mostrar um rubor natural, tem olhos claro e jovens.
O criador do termo, Nathan Rabin, escreveu um texto se desculpando pelo termo dizendo que a definição é demasiado reducionista. Na verdade, ao longo do texto, descobrimos que não é uma desculpa, é uma critica mais ácida a tantas outras personagens baseadas na sua definição com as mesmas características. A cultura pop e a indústria do entretenimento, de acordo com ele, se apropriou do termo e criou muitas outras personagens, Rabin diz no texto que deve-se escrever personagens com mais nuances e multidimensionais, mulheres de espíritos livres que dancem na chuva e toquem ukulele sem ter um homem a contemplando.
Porque tem pessoas e, principalmente, mulheres que caem na armadilha da MPDG?
Qual Manic Pixie Dream Girl você é? |
Classificação de homens dos filmes das manic pixie dream girl (ou algo assim) |
Ora, mulheres são mulheres, mas foram todas (nós) criadas dentro deste mundo machista na lógica e na visão de um homem, Pierre Bourdieu chamou de dominação masculina. A dominação masculina é resultado das estruturas sociais estabelecidas que privilegiam os homens, e subordinam as mulheres.
As mulheres são induzidas e criadas para se encaixar em ideais masculinos e se não alcançam a meta de se tornar "a garota dos sonhos" se culpam e se autoflagelam.
Assisti esse dias o filme "Fences", pela segunda vez, Viola Davis interpreta Rose, uma mulher que vivei para o marido; ela era triste e infeliz. Não há felicidade quando você abre mão de você pelo outro, se anulando.
A indústria cinematográfica precisa ser questionada para assim criar personagens femininas de verdade, e sem xenofobia e racismo.
Pensem nisso!
* UPDATE importante: O arquétipo da Manic Pixie Dream Girl já existia na mitologia grega no livro "Pigmaleão" que conta a história de um um rei que se apaixonou pela própria escultura ao tentar reproduzir a mulher perfeita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário