Sendo
este um blog de educação e afins, que aborda temas ligados a oportunidades
educacionais, não posso ignorar as milhares de ocupações que ocorre pelo pais
que originou o que estão chamando de “Primavera Secundarista”.
Quando
cheguei na ocupação, de vestido coral, havaianas pretas e uma câmera (não uma
profissional, mas uma cybershot roxa), não fazia ideia do que iria encontrar.
Apesar de acompanhar a página do facebook, queria entender o que motivou esses
estudantes e ver a esperança e a
autonomia nos olhos de cada um. Fui cheia de expectativas. E me surpreendi
muito, foi melhor do que esperava!
E lá
fui eu para o colégio. Pude entrar e lá dentro fiquei por cerca três horas (ou
mais), pude ter o prazer de conversar com três secundaristas, que junto com
mais outras centenas de estudantes organizaram e planejaram como sucederia a
luta pelos direitos dos estudantes e da população. Até eles estavam surpresos
com o apoio da comunidade, uma das meninas se emocionou.
Foto da fachada da escola ocupada no ES - Hyasmin |
Ocorreu
um mal entendido e por algum motivo, quando fui conversar e fazer umas
perguntas sobre a ocupação com um voluntário, fui convidada a me
retirar(Sério!), só que, por um dos secundaristas, o mesmo que me viu entrar e
abriu o portão para mim e foi super simpático. Por algum motivo que eu
desconheço, ele "mudou de ideia" em relação a minha entrada. Isso não
é uma crítica, só estou contando um fato, entendo o porquê da preocupação, mas
na hora achei a atitude truculenta. E óbvio, não tenho fotos lá de dentro, como
eu disse, super compreensível, para não expor ninguém.
Almirante
Barroso é uma escola pública estadual de ensino fundamental e médio localizada
em Vitória, Espírito Santo no bairro de Goiabeiras. Com uma pequena
participação no Enem e uma nota abaixo de 500,0 pontos. E é essa escola que
desde sexta-feira do dia 21 de outubro, começou uma ocupação, a primeira escola
espiritossantense a tomar a iniciativa, que deu gás a uma série de outras
ocupações pelos municípios do Espírito Santo (ES).
Estão
na escola alunos; para ministrar palestras e dar aulas, professores, ativistas
dos direitos humanos, professores universitários; para preservar o bem estar
dos jovens, conselho tutelar; pais e a diretora se fazem presente também. Além
de apoiarem a causa, a comunidade ainda contribui com alimento, remédios e
artigos de higiene pessoal para os estudantes. E eles (estudantes) tem a
liberdade de permanecer a hora que quiserem e retornarem para suas casas.
Por
que a ocupação?
Se
você não está por dentro, digo que você precisa se atualizar. Por isso deixo
estes links abaixo para você se reiterarem do assunto:
Entenda a PEC 241 (55)
Entenda a reforma do ensino médio
Entenda a PEC 241 (55)
Entenda a reforma do ensino médio
Em
resumo: A luta estudantil é contra a PEC 241, que tramita no Senado como PEC 55
(que vocês agora sabem o que é depois de ler o link) propõe o congelamento das
contas públicas por 20 anos, o que significa, que a população brasileira pode
perder muito em setores como saúde, educação e até o salário mínimo pode não
sofrer aumentos anuais.
E,
ainda, tem a reforma do ensino médio apresentada pelo governo federal que
estabelece a: ampliação da carga horária mínima anual do ensino médio,
progressivamente, para 1.400 horas; determina que o ensino de língua portuguesa
e matemática seja obrigatório nos três anos do ensino médio; restringe a
obrigatoriedade do ensino da arte e da educação física à educação infantil e ao
ensino fundamental, tornando as facultativas no ensino médio e permite a
contratação sem professores sem licenciatura mas que possuem notório saber, que
significa que NÃO tem formação acadêmica específica na área que leciona,
qualquer um poderá dar aula; entre outras alterações.
O
que eu posso dizer sobre essa ocupação
Uma
estudante, aluna do 2° ano do Ensino Médio do colégio ocupado, que conversei,
disse: “Um estudante de escola particular faz cursinho, entra na universidade
mais rápido. É filho de político, advogado, arquiteto. Nós não, a maioria de
nós não, somos filhos de pedreiro, empregada domestica... Essa PEC não
prejudica eles, por isso não se importam, por isso a ocupação acontece só em
escolas públicas”.
A
ocupação no Almirante revela um pensamento político que nasce dentro das
escolas. Dar voz aos estudantes e liberdade para se expressarem é de suma
importância, revela uma tentativa de permitir que eles “contem a si mesmos”,
façam acontecer pelos suas próprias mãos, o que fica visível pela grande
organização na portaria de entrada. É preciso assinar o nome para entrar.
O
mais importante e não haver interferência de terceiros, que universitários não
interfiram nas decisões dos estudantes. Para desenvolver o pensamento critico,
neste caso, o estudante, precisa ser o sujeito dessa transformação, não o
objeto, precisa ser parte do mundo, e não somente estar nele.
Além
do mais, o governo precisa tomar medidas em diálogo com a população. Segundo
Paulo Freire, é preciso confiar no povo, rejeitar fórmulas e acreditar na troca
de saberes. O diálogo é parte fundamental, e para haver dialogo é preciso ter
humildade, amor e fé; ouvir o outro e não se achar superior, o dono de todo o
saber, porque sem a humildade não há dialogo.
A
maioria destes estudantes são de origem humilde, residem em bairros mais pobres
e subúrbios, a realidade deles é difícil. O dinheiro nem sempre é suficiente
para suprir todas as necessidades básicas, a família muitas vezes é composta
por até oito pessoas, onde os pais trabalham e ganham salário mínimo. A tomada
de consciência de um estudante de escola publica acontece mais cedo do que se
imagina. É preciso compreender que para chegar lá (seja lá onde for esse lá) é
preciso ser esforça duas vezes mais.
A
inserção prematura de crianças no trabalho ainda é que jovens ocupando escola.
a educação ainda hoje é um privilegio educação de qualidade então nem se fala.
Melhor na escola que na rua.
E
vocês, o que acham das ocupações e dessas medidas do atual governo?
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