Tem alguns spoilers
Primeira serie brasileira da Netflix
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Criador:
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Pedro
Aguilera
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Diretores:
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César
Charlone, Daina Giannecchini,
Dani
Libardi, Jotagá Crema
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Produção:
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César
Charlone e Tiago Mello
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Produtora:
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Boutique filmes
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Elenco:
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Bianca
Comparato, João Miguel, Michel Gomes, Vaneza Oliveira, Zezé Motta, Rodolfo
Valente,Viviane Porto, Mel Fronckowiak entre outros
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*A série também ganhou a primeira etapa de um edital do Ministério da Cultura(MinC), por meio do Programa FICTV/Mais Cultura, que selecionou, oito projetos
de minisséries de TV sobre a juventude brasileira. Cada projeto recebeu o valor
de R$ 250 mil para desenvolver a minissérie proposta, incluindo a produção do
episódio piloto.
Confesso
que quase não assisti a série porque tinha lido várias resenhas que apontavam
muitos defeitos. Mas alguns amigos e conhecidos disseram para dar uma chance e,
olha, assisti, e sinto a necessidade de defendê-la. Divididos em oito capítulos,
a primeira temporada mostra que a série não é somente ficção cientifica com
situações irreais. Sem apelo sexual e violência gratuita, 3% mostra outra fase
de produções brasileiras. É uma produção de baixo orçamento, portanto o
figurino e locações (na verdade a série se passa quase toda num prédio) pode não ser suprir expectativas.
Sinopse
Netflix:
3% se passa num mundo pós-apocalíptico, depois de diversas crises que
deixaram o planeta devastado. Num lugar não especificado do Brasil, a maior
parte da população sobrevivente mora no Continente, um lugar miserável,
decadente, onde falta tudo: água, comida, energia. Aos 20 anos de idade, todo
cidadão tem direito de participar do Processo, uma seleção que oferece a única
chance de passar para o MarAlto, onde tudo é abundante e há oportunidades de
uma vida digna. Mas somente 3% dos candidatos são aprovados no Processo, que
testa os limites dos participantes em provas físicas e psicológicas e os coloca
diante de dilemas morais. Morar em MarAlto, no entanto, não é o objetivo de
todos os candidatos: alguns têm outros planos.
Crítica:
Crítica:
De
um lado existe a pobreza e, dentro da pobreza, a extrema pobreza (é
impressionante que, apesar da miséria, ainda existe a divisão de raças), e do
outro lado a justiça e igualdade.
Está em questão o caráter dos entrevistadores e a imparcialidade do processo seletivo que revela características, até então
desconhecidas, dos personagens, que em minha opinião são muito bem delineados.
Não vemos presença de atores com a imagem muito conhecida e com a interpretação
já desgastada. 3% acerta em buscar o
novo, rostos diferentes e mais perto da realidade, sem muita caricatura.
Alguns personagens são muito clean como Rafael (Rodolfo Valente), mas eu
gostei do personagem ele é uma contradição ambulante.
O
MarAlto aparentemente é a idealização de um lugar perfeito que depois de passar
pelo processo ninguém volta mais para contar. O restante das pessoas vive de histórias e contos mirabolantes e nada
mais do que isso. Coisas são omitidas para ninguém desistir de tentar. Só os
melhores passam. Será?
Tem uma
cena em que um funcionário e envenenado, Joana (Vaneza Oliveira), uma das
candidatas, pergunta se com todo o tratamento e tecnologia que eles dizem
possuir, altamente avançado, porque não curaram o homem.
Outra
parte que achei sensacional foi que Marco (Rafael Lozano) ascende de uma
família conhecida por passar no processo seletivo com louvor, ele acredita que
por ter sobrenome famoso tem mérito (qualquer semelhança com a realidade é mera
coincidência) desde o início é considerado um líder nato, mas numa menção ao
livro “Senhor das moscas”, num dos episódios chamado “O portão”, é criado um
ambiente onde não há leis e nem regras, a democracia é inexistente, o que você
faria para sobreviver? Bom, o personagem em questão torna-se um assassino.
Michelle
(Bianca comparado) ingênua e forte é a protagonista anti-heroína. Bianca é uma atriz
flexível, lembro muito dela no filme “Anjos do Sol”. Dentro desse processo
seletivo o chefe é Ezequiel (João Miguel), que é muito suspeito, seco, por
exemplo, apesar de amar sua esposa não teve capacidade de ajudá-la quando mais precisava.
A
abertura é muito boa com essa música de mistério, e na trilha sonora tem a voz do milênio, eleita pela BBC, Elza Soares.
Além
disso, em pleno século XXI, 2016, ainda fico surpresa com personagens negros em
produções audiovisuais brasileiras que são fora desse padrão estereotipado
vulgar. As mulheres e os homens negros não é mãe de santo, nem passista, não
tem muitos filhos, não usa roupa curta, não é traficante que fala errado, nem
burro e nem prostituta. No entanto os personagens são uma mulher super poderosa, uma das superiores
(Zezé Motta como Nair); uma jovem ambiciosa que quer chegar ao topo (Viviane
Porto como Aline); um jovem romântico idealizador (Michel Gomes como Fernando) e
uma mulher esperta sobrevivente, que não abaixa a cabeça e quem tem muito a ser
revelado (Oliveira como Joana). O que é muito natural, pois negros não precisam
ter personagens específicos, podem ser qualquer coisa, igualmente como pessoas
de raça branca.
Abro um parêntese: A produção da + Add Casting foi acusada de racismo devido a um e-mail,
que dizia que queriam ator negro, mas devido ao “grau de dificuldade” fariam
testes com atores brancos. E a série fala exatamente de processo seletivo
preconceituoso e injusto, paradoxos racistas da vida real.
Outra
cena que vale ressaltar, que eu vi alguns questionando, é a da Aline (Porto)
sendo acusada de assassinato injustamente, foi tramado para ela ser presa e
deixar de ser um encalço para Ezequiel (Miguel). A personagem Aline não chora
em nenhum momento, para chorar ela usa um colírio. É tudo naturalizado naquela
cena, todos agem com frieza. E pode ter sido proposital, pois durante o
processo eles são obrigados a se tornarem algo que talvez não quisessem ser.
E
fica a pergunta: o processo seletivo é justo?
O que você faria naquelas situações?
Vale à pena abandonar o que você ama o que você acredita em nome de algo
que você não conhece? Vale a pena se arriscar e,m nome do bem maior?
Vamos aguardar as próximas temporadas porque, pelo final da 1º temporada, tem muita coisa para acontecer.
Vamos aguardar as próximas temporadas porque, pelo final da 1º temporada, tem muita coisa para acontecer.
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