O
cotidiano esconde mais mistérios do que você imagina!
Foto: Hyasmin Nascimento
(Feito no paint)
|
No
sábado passado acordei cedo para ir ao Shopping
comprar um teclado para o meu laptop, porque a letra "L" e a letra "O" resolveram não funcionar. Mandar consertar sairia muito caro. Estava escrevend assim e cm vcês
pdem ver, desse jeit nã dá. Trágico!
Comprei! Já no ponto de ônibus sentada esperando o
212 (número da linha de ônibus), vejo vindo sentar no banco que eu estava, uma senhora e uma garotinha, provavelmente sua
neta. A menina tinha perninhas finas e uma pele alva. Elas
sentaram no banco. Levantei para dar espaço. A senhora de prontidão quando
avistou que eu tinha levantado, ordenou:
— Senta.
Tem espaço para você também.
Sentei.
A menina bem espevitada, com uma sacola enorme na mão repleta de livros e
coisinhas de papelaria, com os cabelos voando por causa do vento e os olhos
apertadinhos se esquivando do sol, exclamou:
— Que sol quente!
E eu
confirmei com um leve balançar de cabeça, para cima e para baixo, e um sorriso:
— É, e olha que ainda está de manhã. - repliquei.
A
senhora perdeu o sorriso: — Tenho um velório para ir à tarde. - disse olhando
para frente.
Silêncio.
Não
sei que cara eu fiz. Não sei mesmo.
Reparei na roupa dela. Era de cor preta. Ela estava com um semblante triste. Será que levar
a menina ao shopping de manhã para
fazer comprinhas de coisas legais era uma distração?
Não
fiz perguntas. E a senhora não disse mais nada. A menininha, não sei se percebeu algo mas, exclamou uma
curiosidade curiosa; pelo menos para
mim: — Não choro com cebola!
E
fez uma pose. Uma pose de olhos arregalados e pescoço rígido, com o olhar fixo
para o nada na sua frente. Quase um estado catatônico cebolístico.
Ri.
Sem
parar, ela perguntava que ônibus deveriam pegar. A senhora disse algumas coisas
para ela, que me recusei prestar atenção. Eram coisas familiares, do tipo, “separar coisas para levar”.
O
ônibus chegou. O delas, não o meu. Despediram-se de mim. A senhora a passos
rápidos se afastou, e a menina caminhava devagar olhando para trás - para mim -
e ainda falando coisas,segurando a sacola com dificuldade e, com a outra mâo, tirava o cabelo da cara. Atrapalhada. Cena engraçada.
Ri
de novo.
Em
seguida, um casal entre 60 e 70 anos senta do meu lado. Novamente levantei para
dar espaço. Estava apertado. A senhora reparou que levantei e em tom maternal
disse:
— Tiramos o seu lugar, né!? Senta aqui que
tem espaço.
Não
sentei. Pois realmente não dava. Porque tinha uma moça e um rapaz sentados também.
Cinco pessoas não cabiam. Ela percebeu
isso. Sorriu para mim. Sorri para ela.
Meu ônibus
chegou.
*O
teclado funcionou perfeitamente.
Beijos e até a próxima
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