quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Crônica: Ponto de ônibus

O cotidiano esconde mais mistérios do que você imagina!

Foto: Hyasmin Nascimento
(Feito no paint)
No sábado passado acordei cedo para ir ao Shopping comprar um teclado para o meu laptop, porque a letra "L" e a letra "O" resolveram não funcionar. Mandar consertar sairia muito caro. Estava escrevend assim e cm vcês pdem ver, desse jeit nã dá. Trágico!

Comprei!  Já no ponto de ônibus sentada esperando o 212 (número da linha de ônibus), vejo vindo sentar no banco que eu estava,  uma senhora e uma garotinha, provavelmente sua neta. A menina tinha perninhas finas e uma pele alva. Elas sentaram no banco. Levantei para dar espaço. A senhora de prontidão quando avistou que eu tinha levantado, ordenou:

— Senta. Tem espaço para você também. 

Sentei. A menina bem espevitada, com uma sacola enorme na mão repleta de livros e coisinhas de papelaria, com os cabelos voando por causa do vento e os olhos apertadinhos se esquivando do sol, exclamou:

 — Que sol quente!

E eu confirmei com um leve balançar de cabeça, para cima e para baixo, e um sorriso:

— É,  e olha que ainda está de manhã. - repliquei.

A senhora perdeu o sorriso: — Tenho um velório para ir à tarde. - disse olhando para frente.

Silêncio.

Não sei que cara eu fiz.  Não sei mesmo. Reparei na roupa dela. Era de cor preta. Ela estava com um semblante triste. Será que levar a menina ao shopping de manhã para fazer comprinhas de coisas legais era uma distração?

Não fiz perguntas. E a senhora não disse mais nada. A menininha, não sei se percebeu algo mas, exclamou uma curiosidade curiosa;  pelo menos para mim: — Não choro com cebola!

E fez uma pose. Uma pose de olhos arregalados e pescoço rígido, com o olhar fixo para o nada na sua frente. Quase um estado catatônico cebolístico.

Ri.

Sem parar, ela perguntava que ônibus deveriam pegar. A senhora disse algumas coisas para ela, que me recusei prestar atenção. Eram coisas familiares, do tipo,  “separar coisas para levar”.

O ônibus chegou. O delas, não o meu. Despediram-se de mim. A senhora a passos rápidos se afastou, e a menina caminhava devagar olhando para trás - para mim - e ainda falando coisas,segurando a sacola com dificuldade e, com a outra mâo, tirava o cabelo da cara. Atrapalhada. Cena engraçada.

Ri de novo.

Em seguida, um casal entre 60 e 70 anos senta do meu lado. Novamente levantei para dar espaço. Estava apertado. A senhora reparou que levantei e em tom maternal disse:

 — Tiramos o seu lugar, né!? Senta aqui que tem espaço.

Não sentei. Pois realmente não dava. Porque tinha uma moça e um rapaz sentados também. Cinco pessoas não cabiam.  Ela percebeu isso. Sorriu para mim. Sorri para ela.

Meu ônibus chegou.


*O teclado funcionou perfeitamente.

Beijos e até a próxima 

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